domingo, 12 de junho de 2011

ANÁLISE CRÍTICA SOBRE O POSITIVISMO EM COMTE E DURKHEIN

  
Em síntese abordaremos nesse trabalho uma contextualização do positivismo na concepção de Augusto Comte e Émile Durkheim, grandes teóricos do período de consolidação da ciência e do pensamento moderno no século XVIII, situados na história da humanidade num período de transição entre sistemas sociais, em que o conhecimento ainda, era fundamentado numa explicação religiosa, resquícios da era medieval, surge esses dois teóricos elaborando uma teoria social, o primeiro fundamentando sua tese na experimentação, pragmatismo e empirismo e o  segundo abordando o fato social como único e verdadeiro fator determinante para a obtenção do conhecimento científico.
 Augusto Comte foi influenciado pelos pensadores iluministas do século XVIII  e definiu a sociologia como a ciência da sociedade, batizando-a inicialmente de física social, a qual inseriu uma teoria denominada positiva. Essa teoria parte do princípio de que os homens deveriam aceitar a ordem existente e de que esta,  não havia possibilidade de ser mudada.
O positivismo de Comte busca seu fundamento na análise da sobre determinada sociedade através da experimentação, do pragmatismo e do empirismo. Nesse sentido, nenhuma formulação de idéia pode ser vaga, sem fundamento e/ ou sem consistência, o único conhecimento verdadeiro é o científico que deve limitar-se somente a constatar a ordem que reina no mundo e não as suas causas, pois a natureza é sólida, verdadeira, hierarquizada e composta de fenômenos simples e complexos, todos inerentes aos seres vivos e ao homem.
Para Comte a Sociologia é a ciência do entendimento, somente através do tempo e observando a ação do homem na sociedade é que seria possível conhecer seu modo de pensar e de agir, pois o seu contexto social é quem determina o pensamento. E assim a sociologia torna-se uma abordagem científica, pois busca compreender a interação social do homem.
Infelizmente, a teoria positivista de Comte fundamenta-se na interação social do individuo, esquecendo que o ser humano estar sim inserido num grupo social, que tem regras, padrões, hábitos e costumes, todos num verdadeiro processo de socialização, entretanto, não enfatiza que o ser humano também é dotado de uma personalidade e de forma direta interage no meio social de acordo com seus padrões oriundos de uma aprendizagem construída na família e ao longo de todo o seu processo de socialização, tornando-se visível o seu lado emocional e de sentimento e que de uma forma ou de outra se apresenta cotidianamente na vivência dos seus valores morais.
Outra análise crítica que podemos focaliza na teoria social de Comte está na separação definitiva que o faz da teoria sociológica em relação à filosofia, a economia e a política, utilizando como único objeto de estudo “o social”, que deveria ser estudado sem nenhuma influência de tais conhecimentos.
Como estudar o social sem a influência da filosofia, uma vez que é o conhecimento filosófico que faz a reflexão, exige uma postura e de forma radical constantemente busca novos questionamentos, sempre na perspectiva de que haverá uma nova explicação? Não podemos ignorar que a sociedade é dinâmica, tem seu modo de produção e que quando muda o seu modo de produzir os bens de consumo, também se muda o pensamento, as idéias, as relações sociais, enfim, toda a sociedade se transforma, inclusive, o seu sistema político. Eis os fatores que em nosso ponto de vista são lacunas que o positivismo ao se delimitar ao seu objeto de estudo, torna-se um sistema falho. Entretanto, numa contextualização histórica é conveniente afirmar a grande relevância do positivismo para o desenvolvimento da humanidade, uma vez, que o positivismo foi à teoria que deu corpo ao conhecimento científico de forma a separar o que seria ciência e o que não seria ciência, principalmente, num período em que a força eclesiástica ainda tinha seu poderio.
Na visão de Émile Durkheim a ciência da sociedade deveria observar fatores de comportamento comuns a todos os homens, utilizando em suas investigações os mesmos procedimentos das ciências naturais como a observação, a experimentação e a comparação, pois a partir dessa análise surgiria o fato social, que tem como pressuposto a consciência coletiva, apresentando a coercitividade, exterioridade e generalidade.
Para Durkheim o sociólogo deve deixar de lado as pré-noções ao analisar um fato social, ou seja, seus valores e sentimentos pessoais em relação ao acontecimento a ser estudado nada têm de científico e podem distorcer a realidade dos fatos.  O cientista deveria usar a neutralidade, tratar o objeto como coisa, pois, a sociedade já está pronta e constituída antes do próprio nascimento do indivíduo e os fatos sociais são uma característica dessa sociedade, independente da vontade de cada indivíduo.
De forma radical Durkheim estabelece um objeto de estudo, o fato social, que com certeza está presente no contexto de cada sociedade, mesmo a coercitividade, a generalidade e exterioridade do fato em relação ao indivíduo, sua teoria não deixa de ter seus fundamentos, principalmente ao se referir à neutralidade científica. Entretanto, cabe aqui um questionamento. Ao fazer uma pesquisa com um determinado grupo, no caso, citamos como exemplo os moradores do bairro Malvinas em Laranjal do Jari, considerado uma área de risco, pela Defesa Civil, e que há mais de  três décadas busca-se uma forma de mudar os respectivos moradores, para um outro bairro, e infelizmente todas as tentativas foram negativas. Vale ressaltar, que em períodos de enchente do Rio Jari, a água está chegando ao teto das casas e os moradores insistem em não se retirar para uma área segura. Acreditamos que para se compreender o fato social, o pesquisador deverá sem dúvida nenhuma, conhecer a realidade da população do referido bairro. Porém, como conhecer a realidade sem que haja envolvimento no caso? Claro, não podemos deixar nos levar pelo sentimentalismo, mas é humanamente impossível fazer um estudo de caso sem que sintamos de perto as reais necessidades que leva aquela comunidade a não querer se retirar da área de risco, principalmente em se tratando de uma pesquisa focalizada nos fatores econômicos, políticos, sociais e emocionais, uma vez que o cientista também é um ser dotado de racionalidade, sentimentos e emoções.
Assim sendo, o positivismo em Comte e Durkheim reflete uma postura sociológica radical, metódica e mensurável, ambas com objetos de estudo diferenciadas, uma voltada para a idéia da interação social como fator determinante para a entendimento da sociedade, outra, toma o fato social como único veículo capaz de levar ao conhecimento científico. Comte e Durkheim de maneira geral fundamentam uma teoria social, elaboram um método científico para compreensão dos fenômenos da natureza e da sociedade. Entretanto, como já afirmamos, apesar das lacunas que demonstram determinadas questionamentos em suas teorias, estas, representam para a humanidade conhecimentos científicos que formaram os primeiros pilares para a consolidação da ciência e do pensamento moderno.

COMO PODEMOS TRABALHAR OS CONCEITOS DE POLÍTICA, DEMOCRACIA E CIDADANIA NOS TEMAS ATUAIS? 

O escritor Lima Barreto proferiu a seguinte frase: “O Brasil tem povo, tem público”, e infelizmente temos que concordar com essa afirmativa, pois essa é a realidade da  atual conjuntura brasileira. Povo pode ser classificado como o número de pessoas que compõe a sociedade, são os indivíduos que habitam num determinado espaço geográfico. E o público é aquele que assiste o espetáculo dos líderes políticos do país.
            O povo é manobrado ideologicamente pelos sistemas de comunicação e pelas estruturas de dominação do estado e por aqueles que governam. As ações dominantes acontecem como um show. No cenário político, jurídico e administrativo do país são  escândalos, fraudes, corrupção e desrespeito ao cidadão que fazem do espectador, o público brasileiro, apenas aplaudir e pedir que o filme seja repetido, quando os elegem novamente para um novo mandato.  
Vivemos num tempo em que as grandes lideranças públicas perderam sua credibilidade, um período de revoltas e angústias de uma população que estabeleceu norma e conduta moral para se viver numa sociedade onde as partes se respeitassem, um momento de profundas reivindicações que exigem mudanças de atitude e comportamento e que seja dado um basta na banalidade como vem sendo tratada a coisa pública, eis a razão pela qual a política perdeu o seu sentido de uma simples polis organizada, para uma variedade de interpretações de descrédito, leviandade e sujeito de manobra.
A população brasileira atribuiu poderes aos seus governantes, criou códigos, leis e normas, obedeceu a uma idéia de que se fazia necessário a representatividade pública e através do voto elegeu seus representantes. Claro, isso não se deu de uma hora para outra e nem tão pouco de maneira consciente e com a participação de todos. Entretanto, de forma geral, foram estas normas que se estabeleceram. Vale ressaltar que ao longo dos anos esses acordos nunca foram cumpridos e o que tem prevalecido são revoltas e angústia de uma população frustrada com aquilo que criou.
As conquistas obtidas na política deste país que aconteceram nas últimas décadas se deram por reivindicações e greves, o que não seria necessário se todos cumprissem o seu papel.
A política que teve sua origem no mundo grego, como símbolo de uma cidade organizada, a chamada polis, hoje recebe várias denominações e nenhuma que abone o seu verdadeiro sentido. O fato é que os que fazem a política, tão pouco, têm o entendimento do que seria política e qual a sua função. Utilizam do poder estabelecido para fins particulares, até por que a própria população também tem uma parcela de culpa, pois é ela quem elege. Infelizmente o voto, deixa de ser democrático e se torna voto de “cabresto”,  quando troca o voto por favores que o Estado lhes oferece.
Nesse sentido, a política ganha o seu descrédito e para os que estão no poder ou se beneficiam do poder público torna-se maravilhoso, pois se a população não participa os grupos oligárquicos continuam se beneficiando.
As mudanças nesse cenário político só acontecerão a partir do momento que cada cidadão consciente comece a exercer sua cidadania e faça prevalecer na política o seu verdadeiro sentido, que é de organização, discussão e que visa sempre o bem estar da coletividade.
             Entendemos democracia como um processo de eleições diretas e participação popular, assim como, liberdade de pensamento e de expressão, contrário do autoritarismo que é um regime de governo onde não há eleições, nem partidos políticos.
       No Brasil, democracia e autoritarismo sempre foram vistos como algo que se realizam na esfera do Estado. Desde já, convém afirmarmos que a democracia na sua essência ela não existe, pois, a partir do momento que se cria a regra, ela deixa de ser democrática. É conveniente afirmar que no Brasil sempre existiu a ditadura social, pois todas as formas de poder são hierárquicas, onde uns mandam e os outros obedecem.
Na nossa sociedade a igualdade social não é vista como um direito de todos. O que prevalece é o racismo, a discriminação religiosa e a desigualdades econômicas.
Vivemos numa sociedade onde as classes sociais são dividas, umas tem privilégio e outras não e nessa perspectiva, convenhamos sintetizar que a democracia é apenas uma farsa, uma utopia pra quem sonha com direitos iguais, justiça para todos e que um dia patrão e empregado irão “comer no mesmo prato”.
Assim sendo, democracia e cidadania na contemporaneidade são palavras da moda. Nunca se falou tanto de participação democrática, exercício da cidadania e política pública voltada para a coletividade como se tem falado nos dias atuais. Seja por uma necessidade de mudança de paradigma, ou pela continuidade de manipulação dos direitos do cidadão, uma vez que devido expansão dos meios de comunicação social, os noticiários chegam com mais rapidez ao telespectador, embora manipulado, acaba transparecendo a realidade brasileira em todos os seus recantos, e de forma significativa, boa parte da população, acaba tomando uma postura de caos político do país.
Na condição de homem livre para pensar, criar e participar, não podemos deixar de conceituar a cidadania de acordo com a nossa época. Nesse sentido, somos cidadão e para exercitar essa cidadania devemos fazer uso de uma democracia que atenda os nossos preceitos. Seria uma tomada de consciência coletiva, que não é sonho, mas desejo de muita gente que entende o sistema político como veículo imprescindível para a organização da sociedade.

CONCEITO DE CULTURA EM UMA VISÃO DE MUNDO

A canção latino-americana “Fala América Latina pelas nossas tradições são os mitos, são as danças, são as lendas e canções. Nosso jeito de amar, nossa maneira de viver, são heranças que a gente nunca pode esquecer... Fala América Latina diz ao mundo essa verdade, que a cultura de um povo é sua identidade, é a luta, é a história, é a vida, é a razão, uma planta sem raiz, é corpo sem coração...”  traduz de maneira clara o conceito de cultura, palavra que vem do latim, cujo, significado  é de cultivar o solo, cuidar.
Entretanto, cultura é um termo com várias acepções, em diferentes níveis de profundidade e diferente especificidade. São práticas e ações sociais que seguem um padrão determinado no espaço. Se refere a crenças, comportamentos, valores, instituições, regras morais que permeiam e identifica uma sociedade. Explica e dá sentido a cosmologia social, é a identidade própria de um grupo humano em um território e num determinado período.
Estudar cultura é necessário considerar que existe uma diversidade cultural e nenhuma cultura é superior a outra. Não existe resgate cultural, pois ale é  dinâmica e se transforma na medida em que a sociedade evolui. Nesse sentido, afirmamos que a cultura sobrevive as mudanças sociais, sendo determinante no processo de explicação das relações sociais, pois é nessa diversidade cultural, que se entende  as diversas formas de relações humanas, ao que se refere na elaboração de conceitos, modo de pensar, estabelecimento de normas morais, enfim, é através da cultura que a socieade se transformar, emancipa-se e constitue-se de acordo com os seus anseios.

4 comentários:

  1. Qual foi a teoria usada para essa crítica?

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  2. Eu tô lá de boas lendo e estudando este artigo sobre o positivismo e estre outras questões e leio uma parte dando exemplo da cidade onde nasci que é laranjal do Jari. Rsrsrs. Sinceramente tomei um susto com a citação. Parabéns pelo artigo. Ajudou muito pros meus estudos da Sociologia Jurídica. Obrigado.

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